O Meu Algarve

sexta-feira, 27 de março de 2009

Os Lugares de Loulé e de Faro

Dois são os eixos estruturantes do sotavento algarvio (triângulo definido pela fisiografia que tem como centro de distribuição o Barranco do Velho e centros de recolha V.R.S. António a Nascente e Carvoeiro a Poente): um eixo estruturado pela linha Loulé/Quarteira, o outro pela linha Loulé/Faro.

A assumpção do eixo Loulé/Quarteira reforça e garante a potência de Loulé enquanto charneira económica principal do Sotavento ou mesmo do Algarve. O reforço do eixo Loulé/Faro serve o princípio de Faro enquanto capital administrativa do Sul.

Todavia, a fonte potencial de riqueza de Faro é a mesma que a de Portugal - o mar.
Faro acompanha historicamente o desígnio de Portugal. É factual que o abandono do mar projectou Portugal para a rampa da decadência. O sentido de Faro como verdadeira capital administrativa do Sul nunca foi, não é, nem nunca será possível sem o porto comercial da cidade a funcionar (foi isso que lhe permitiu roubar essa qualidade a Silves).
Enquanto o Porto de Faro não voltar a funcionar a deslocalização da capital para o burgo de Loulé afigura-se uma fatalidade.

O reforço urbano estruturado por equipamentos administrativos e institucionais a Norte da campina de Faro, e a defesa desta, parece acto de inteligência. Deste modo, Faro irá ver o seu novo e moderno centro sobre esse dobrado que sustém a Goldra. Santa Bárbara que se prepare...

Quando o porto da cidade de Faro regressar às rotas de cabotagem, a pujança actual de Loulé tenderá a definhar. A assumpção do novo centro de Loulé nas Quatro Estradas afigura-se acto político decisivo; é nessa expectante, mas também de sempre, encruzilhada distributiva onde devem ser lançados os novos alicerces administrativos municipais que irão garantir a continuidade próspera do município louletano.

O reforço do eixo Loulé/Faro serve, e bem, a capital cristã em primeira ordem. Porém, como referido acima, esse reforço deve incidir em equipamentos e estruturas administrativas e de carácter institucional, de forma e escala adequadas à capital que Faro pela sua posição geográfica face ao mar sempre tende a ser.

A assumpção de Loulé/Quarteira vai esvaziar todas as tendências litorâneas de separatismos e vai dinamizar com mais essência e riqueza os movimentos e interacções de ataque perpendicular à linha de costa, as dinâmicas Sul/Norte/Sul.
A deslocalização do novo centro administrativo do território fisiográfico que dá sentido ao município de Loulé para as Quatro Estradas, deverá ser suportada por estruturas comerciais e de prestação de serviços modernas dimensionadas para o tráfego de pessoas e bens que cruzam o local.

As Quatro Estradas centram um circulo de influência cuja prosperidade resultará do reconhecimento da sua posição nas dinâmicas que podem ocorrer entre os eixos polarizados por Huelva/Sagres e Beja/Mar-Atlântico…
Para o posicionamento do Algarve ao serviço de Portugal e, assim, do concerto das nações, importa o reforço imediato dos dois eixos: um alimentado por equipamentos e estruturas edificadas institucionais administrativas da plataforma logística que é em potência o Algarve, outro, gerador de actividade comercial e de prestação de serviços moderno catalizador e distribuidor de cargas que transitam entre os barros de Beja e o Mar-Atlântico e a Meseta Ibérica e os Portos do Ocidente…

Se os critérios de construção secular da paisagem portuguesa nos pode servir de exemplo, sendo que o país resulta da paisagem que se constrói, e Portugal é um dos países mais antigos do mundo, convém lembrar, entre muitos exemplos históricos, o exemplo dos monges cistercienses que primeiro "inventaram" o pêro de Alcobaça com a consciência e o conhecimento dos solos e exposições mais adequados á sua abundante produção e a posição logística relativa para o seu eficaz escoamento. Só depois de garantida essa fonte de riqueza, eles dedicaram-se à construção dos edifícios de carácter institucional que definitivamente ajudaram no ordenamento da vida naquele território, designadamente o famoso mosteiro.